
A promessa da Rosa
Babi A. Sette
Título Original:Editora: Novo Século
Número de Páginas: 421
Ano: 2015
Avaliação: ★★★★★
Sinopse: Século XIX: status, vestidos pomposos, carruagens, bailes… Kathelyn Stanwell, a irresistível filha de um conde, seria a debutante perfeita, exceto pelo fato de que ela detesta a nobreza; é corajosa, idealista e geniosa. Nutre o sonho de ser livre para escolher o próprio destino, dentre eles inclui o de não casar-se cedo. No entanto, em um baile de máscaras, um homem intrigante entra em cena… Arthur Harold é bonito, rico e obstinado. Supondo, por sua aparência, que ele não pertence ao seu mundo, à impulsiva Kathelyn o convida a entrar no jardim – passeio proibido para jovens damas. Nunca mais se veriam, ela estava segura disso. Entretanto, ele é: o nono duque de Belmont, alguém bem diferente do homem que idealizava, só que, de um instante a outro, o que parecia a aventura de uma noite, se transforma em uma paixão sem limites.Porém, a traição causada pela inveja e uma sucessão de mal-entendidos dão origem ao ciúme e muitas reviravoltas. Kathelyn será desafiada, não mais pelas regras sociais ou pelo direito de trilhar o próprio caminho, e sim, pela a única coisa capaz de vencer até mesmo a sua força de vontade e enorme teimosia: o seu coração.
Feche o coração e privará o mundo da beleza de sua essência.
Em meados de 1840, Londres
vivia uma época de transição e grandes avanços, tanto na economia quanto no
período da monarquia. Aconteciam grandes bailes, grandes festas, para moças que
seriam apresentadas para alta sociedade e logo então, seriam cortejadas por
rapazes com títulos de respeito e se casariam, dando assim continuidade aos
títulos para seus herdeiros.
Kathelyn Stanwell é uma
jovem de pouca idade que estava sendo preparada para apresentar-se para a
sociedade. Sua família tinha muitas terras... O seu pai era um homem cogitado,
o título de conde lhe dava certos privilégios e quem sabe um bom partido para a
sua amada filha? A garota tinha uma irmã mais nova, chamada Lilian, que
idolatrava a sua irmã mais velha.
Kathe não era qualquer
donzela! Ela nunca concordou com os costumes e tradições sociais, que davam a
voz apenas aos homens, as mulheres na sua época eram tidas como mercadorias.
Serviam apenas para duas coisas, segundo a sua visão, a primeira era a
satisfação pelo prazer, provinda do sexo e a segunda procriação. Ela jamais
concordou em se casar com um homem que não fosse por amor, e a sua família
tinha dificuldades em colocar a menina nos eixos pelo seu atrevimento.
Sr.Taylor é a preceptora de
Kathe, cuja função é ensiná-la os bons costumes da etiqueta e torná-la uma
donzela (o que ela nunca conseguiu). A garota amava mesmo cavalgar, ler livros
sobre a história de povos e culturas antigas, era uma apreciadora de obras de
arte e ninguém conseguia arrancar-lhe o desejo de conhecer e explorar o mundo.
Compartilhou e aprendeu isso
na infância, era a melhor amiga de Steve, filho de uma cozinheira, e não tinha
autorização do seu pai para deixar essa amizade florescer. Sempre muito
teimosa, ela não se deixou levar pelas peripécias e ameaças do seu pai. Quanto
mais era castigada, mais tramava um caminho para burlar as regras sociais,
nunca com cautela, pois a sua personalidade não lhe permitia.
A maior das encrencas em que
a garota se meteu, aconteceu a pouco tempo. Kathelyn cavalgava normalmente, e
sem perceber, seu cavalo ia em cima de todos os doces e guloseimas. Ela estava
de castigo a um mês, pois para o seu pai ela havia humilhado toda a sua família
com esse jeito de levar a vida. E dessa vez tinha sido bem pior, porque nenhum
homem iria cortejá-la. Qual o rapaz que iria querer uma garota selvagem?
Sr.Taylor e ela eram muito
amigas. Kathe iria ao próximo baile, pediu para costureira separar os melhores
tecidos e fazer um vestido, segundo o que ela havia pedido. Um baile de
máscaras esse é o predileto da menina, que estava deslumbrante naquela noite, e
chamava atenção de todos os homens. Aquela temporada em Londres, era uma boa
temporada para os cortejos e casamentos.
Ouviu-se boatos que um duque
estaria a procura de uma donzela para cortejar e casar. Afinal, Arthur, seu
nome de bastimo, estava com quase trinta anos e precisava pensar na sucessão do
seu título. Ele era o nono duque, Belmont, assim os londrinos e toda a
população da Europa o conhecia. O mais alto título da nobreza era cobiçado. Mal
sabia Kathe, que o falcão que olhava para ela, era o duque.
Kathelyn muito curiosa, não
desprendia os olhos daquele homem, não sabia o porquê, mas ele era o único do
baile que tirava a sua atenção. Ambos tiveram a oportunidade de conversar e se
encontraram secretamente no jardim. Os rostos, ora desconhecidos por máscaras
agora eram conhecidos. O sangue de Kathe ardia em suas veias, ela nem sabia o
que era apaixonar-se. Já o duque, nunca olhará uma mulher com tanto desejo como
olhou naquela noite para Kathelyn Stanwell. Uma jovem conhecedora das
civilizações antigas e apreciadora da arte e de todo o possível conhecimento,
que não cabia para uma mulher do seu porte.
E assim nascia uma paixão
sem freios e sem limites. O duque era um homem sério e não queria esperar para
iniciar os cortejos. Sem que a garota soubesse, teve uma conversa com o pai da
menina para falar sobre o contrato de casamento e suas intenções para com a
filha do conde. Se Kathelyn imaginasse que estava sendo “comprada” sem o seu
consentimento, jamais aceitaria aquele tipo de casamento. Ora, a menina idealizava,
casar-se apenas por amor! E assim seria. O duque de Belmont não falaria sobre
esse contrato e exigiu para que o pai dela não falasse. Ele iniciaria os
cortejos na intenção de que o amor de Kathe por ele, surgisse naturalmente.
Os dias se seguiram e não
passava um dia que o duque não visitasse a garota, ou frequentassem o baile
juntos. Ele era dela, e não permitiria olhares de outros homens para a sua
noiva. Por outro lado, a menina ora indomada, foi pouco a pouco enlaçada por
uma paixão que logo viraria amor. Arthur despertava o melhor nela, a sua
companhia deixava a garota bem. Tudo ia muito bem, até que um mal entendido
acontece (que eu não vou revelar). E a sucessão de mal entendidos leva ao
término do noivado. Para a época isso era considerado um absurdo! Qual será o
futuro de Kathe? Por que Arthur humilhou-a desse modo?
Deixamos de ver a beleza e singularidade das coisas só pelo fato de termos alcançado-as.
A promessa da rosa é um
romance de época escrito pela Babi A. Sette. Este também é o segundo livro que leio da autora
e sem arrependimentos. A Babi mais uma vez me surpreendeu com uma escrita
incrível e deslumbrante. Sim! Deslumbrante porque o modo como a Babi escreve é
delicado e ao mesmo tempo fugaz, que nos tira o fôlego. Os capítulos estão cheios
de detalhes históricos e culturais, de uma época em que a mulher não tinha a
voz e a vez. De modo simples, conhecemos uma sociedade regrada de bailes e
moças à espera de um rapaz para cortejá-la.
Kathelyn era uma moça ousada
e corajosa. Ela não concordava com a aristocracia e as regras londrinas. O seu
desejo era ter sua liberdade e casar-se por amor, não queria que um simples
contrato ditasse o seu destino, e tirasse o seu poder de escolha. Seu pai, o
conde nunca, conseguiu domá-la e nem por isso deixou de amar e querer o melhor
para a menina.
O duque de Belmont, era um
homem de negócios, mas o seu título não limpava a imagem de um homem cheio de
amantes luxuosas, para satisfazer e saciar os seus desejos mais secretos. Sua
vontade muda, quando conhece a jovem donzela. Ela tira o fôlego de Arthur, ao
mesmo tempo em que ele a vê como inocente, ela também deixa transparecer o seu
lado aventureiro, nada recatado. O que ele idealizava para uma mulher é
concretizado na figura feminina e nada convencional de Kathelyn Stanwell.
As pessoas acham que a rosa é comum demais. Preferem a raridade das orquídeas ou a fragilidade das camélias. O que me intriga nisso é que ela é perfeita, e por ser perfeita, todos a querem.
As quase quinhentas páginas
passaram por sobre meus olhos rapidamente. A vontade de querer saber o final
crescia capítulo após capítulo. Não apenas o romance, mas a história por trás
dele, me deu a certeza de que a autora conhece muito sobre o assunto e estudou
bastante para transpassar a história do povo londrino. Ao ler as últimas
páginas, não poderia ficar mais apaixonada por essa estória de amor e ódio
misturado aos ideais e quebra de regras.
A capa é belíssima, junto ao
kit e marcador que me pegaram de jeito. A diagramação e o cuidado com a revisão
deixou claro o amor que a autora teve para não criar qualquer romance, mas sim
um único e exclusivo, com a marca dela. Uma palavra que define essa obra: amor.
Poderia passar horas contando os detalhes e os acontecimentos, mas se o
fizesse, como vocês tirariam suas próprias conclusões? Por isso, recomendo a
obra para os leitores dispostos a conhecer uma História que mescla a
estória.
Um romance nada convencional
para a época que burla todas as regras. Um estereótipo de mulher, que me fez
entender o porquê chegamos onde chegamos. E isso torna necessário, pois
mulheres corajosas como Kathelyn foram poucas no decorrer da história, mas que
fizeram toda a diferença para que tivéssemos a vez e a voz.
Entendi que para que quem doma o mundo é a forma que escolhemos olhar para ele e não a forma como ele se apresenta diante de nós.
